Profissionalização da Gestão: Preservando e aumentando o legado familiar!
- Em 30/06/2021
Em nossos artigos, publicados em nosso site, a arquitetura sucessória é um dos assuntos que abordamos com frequência, para que você entenda a extensão de seus benefícios à construção do patrimônio familiar.
Não se trata apenas de planejar a sucessão de bens materiais, mas de se garantir a continuidade do negócio familiar, para que as gerações futuras possam gozar de seus frutos, construindo-se um legado.
Neste artigo, trataremos especificamente sobre um dos benefícios do planejamento sucessório: a profissionalização da gestão.
Para que você entenda a importância da profissionalização da gestão para a sobrevivência e crescimentos das empresas familiares, abordaremos os seguintes tópicos:
- Qual o índice de sobrevivência das empresas familiares no Brasil e no mundo?
- Um breve histórico: empresas familiares destruídas por conflitos familiares
- Um breve histórico: famílias que construíram legado que sobreviveu ao tempo
- Qual a estratégia adotada pelas famílias que perpetuaram o legado?
- Quais os passos para a profissionalização da gestão?
- Crescimento em meio aos desafios.
Qual o índice de sobrevivência das empresas familiares no Brasil e no mundo?
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018, 90% das empresas brasileiras possuíam perfil familiar, sendo seu faturamento responsável por 65% do PIB e empregando 75% da mão de obra nacional.
Porém, menos de 30% das empresas familiares conseguem perpetuar o negócio para a geração seguinte. E apenas 7% delas chegam na 3ª geração.
Segundo pesquisa global da Pwc (Pricewaterhouse Coopers), 44% das empresas familiares não possuem planejamento sucessório e 72,4% delas não tem qualquer definição quanto à sucessão da gestão do negócio.
Há outros fatores que contribuem para a permanência do negócio familiar, que podemos subdividir em externos e internos.
As crises político-econômicas, guerras e conflitos, por exemplo, são fatores externos, por sua vez, conflitos familiares são fatores internos.
Segundo pesquisa da Hoft Consultoria, conflitos societários são a causa do desaparecimento de 70% das sociedades no Brasil. Resta a pergunta: há como evitar tais conflitos?
Um breve histórico: empresas familiares destruídas por conflitos familiares
Conflitos entre sócios são comuns em quaisquer sociedades, sejam elas familiares ou não. Porém, nas empresas familiares tais conflitos trazem consequências ainda mais graves ao impactar nas relações entre os membros da família.
Todos conhecemos a “Cachaça 51”, dona do slogan “uma boa ideia”, já consolidado na cultura brasileira.
A empresa foi criada por Guilherme Müller Filho, em 1959, em Pirassununga/SP, dominando seu mercado até 2005, com o falecimento de seu fundador. Porém, este não havia planejado a sua sucessão e os conflitos entre seus herdeiros tomaram rumos bastante graves.
O resultado das brigas…. intermináveis processos judiciais que prejudicaram a posição da empresa em seu mercado e deterioraram o seu patrimônio, sem contar o prejuízo ao patrimônio pessoal de cada um dos herdeiros.
Contudo, este não é um caso isolado.
A história traz muitos exemplos de grandes empresas destruídas por conflitos entre os membros da família que somente beneficiaram os seus concorrentes e aqueles interessados em adquirir a empresa por valor menor.
A família Matarazzo, a qual era detentora de amplo patrimônio, com ênfase na indústria têxtil, viu seu patrimônio sucumbir a conflitos, assim como a família Maksoud, a qual se destacava no mercado hoteleiro.
Tais conflitos tinham algo em comum: a briga pelo poder e a falta de profissionalização da gestão.
Tais discordâncias também existem em empresas familiares menores.
Há muito mais a perder do que o patrimônio familiar, prejudica-se a harmonia das relações familiares!
Um breve histórico: famílias que construíram legado que sobreviveu ao tempo
Por sua vez, há empresas familiares que resistiram ao tempo, às crises e à mudança de gerações.
Empresas familiares como Droga Raia, Magazine Luíza, Grupo Votorantim e a Lupo sobreviveram às crises e guerras e cresceram em um ambiente político econômico instável, como o brasileiro.
Vamos observar tais empresas primeiramente pelo viés dos fatores externos como crises político-econômicas, guerras e conflitos.
Crises certamente representam um grande desafio, mas também podem ser vistas como oportunidade de negócios, na medida em que para se adaptar novos nichos de mercado podem ser explorados.
A Droga Raia, fundada em 1905, por exemplo, em meio à Gripe Espanhola (1917 – 1918), notou a procura por medicamentos e atendimentos durante a madrugada e passou a atender 24 horas por dia.
A Lupo, empresa centenária do setor têxtil, conhecida pela fabricação e comercialização de meias, durante a pandemia do COVID 19 investiu na inovação tecnológica para aprimorar as vendas no mundo digital e melhorar sua eficiência e a experiência do consumidor.
Ainda, ao observar a necessidade do mercado por máscaras faciais, destinou parte de sua produção ao desenvolvimento e fabricação de máscaras. O que, em conjunto com a inovação tecnológica, levou ao crescimento da marca, por meio do aproveitamento de capacidade produtiva ociosa.
Podemos depreender destas duas histórias de sucesso que sobrevivência e crescimento podem vir da observação e compreensão da realidade para se buscar oportunidades!
Acima, falamos apenas de alguns casos de sucesso, há tanto outros que podem ser analisados como da Granado ou Havaianas.
Ao analisar os fatores internos, quais sejam, os conflitos familiares e suas ramificações, citamos os casos de patrimônio familiar dilapidados por conflitos, como a “Cachaça 51” da Família Muller, além da Família Matarazzo e a família Maksoud.
Conflitos familiares interpessoais e a briga pelo poder podem ser evitados por meio da profissionalização da gestão.
Recentemente, foi divulgado pela mídia que o estilista Giorgio Armani, designer italiano de destaque mundial, divulgou que está preparando seus sucessores para a administração de seu negócio, seja para a parte de design, seja para os aspectos gerenciais do negócio.
A escolha de seus sucessores baseou-se nas aptidões de cada um deles. O objetivo: preservar o seu legado.
Então, o que essas empresas têm em comum, que permitiu a reinvenção, o crescimento e a inovação, além da preservação do patrimônio?
Qual a estratégia adotada pelas famílias que perpetuaram o legado?
Se o patrimônio familiar nasce dos sonhos e valores pessoais de seus fundadores, os quais se sacrificam para a construção de um legado a ser deixado para as gerações futuras.
Porém como saber se seus herdeiros e sucessores estão aptos ao desafio de preservar o que foi construído e expandir o patrimônio!?
Investir na profissionalização da gestão dos negócios, para que não haja briga pelo poder e todos aqueles membros da família envolvidos na gestão do negócio estejam preparados e aptos para tanto é a melhor forma de se preservar o legado.
A profissionalização é o que distingue as empresas familiares que sobreviveram e cresceram em meio às crises daquelas que tiveram de fechar suas portas e encerrar suas atividades.
Seja por meio da contratação de terceiros que detenham o conhecimento técnico necessário, seja por meio da preparação dos membros da família para que estejam aptos à gestão, a profissionalização é elemento essencial para a preservação do patrimônio.
Além disso, há instrumentos jurídicos como contrato ou estatuto social e acordo de sócios que podem evitar a briga pelo poder e, desde logo, especificar as formas para a resolução de conflitos, obrigações e direitos de cada parte, dentre outras.
Tais regras devem ser determinadas de maneira clara e serem de conhecimento de todos os envolvidos no processo de sucessão.
Importante lembrar que não há uma fórmula exata a ser seguida, para cada família, há variáveis a serem consideradas na elaboração dos documentos.
Quais os passos para a profissionalização da gestão?
Você deve estar se perguntando, “como avaliar o que é melhor para a minha família”?
Primeiramente, profissionais especializados analisarão o perfil de cada personagem envolvido na família, o negócio construído e os riscos a ele inerentes, as características da unidade familiar e o desejo de seu patriarca ou matriarca, para avaliar a melhor opção.
Então, inicia-se um processo que engloba desde a preparação técnica de herdeiros e sucessores, contratação de profissionais que possuam os conhecimentos necessários para a continuidade do negócio familiar até a elaboração de documentos legais.
É necessário avaliar os interesses e aptidões pessoais de cada herdeiro, se estes convergem com as necessidades do negócio familiar.
Para aqueles cujas qualidades possam contribuir ao negócio, deve ser iniciado um processo de preparação, o qual inclui o conhecimento da área de atuação e da empresa, por si só, bem como a participação em cursos específicos, para que estes estejam preparados para comandar a pessoa jurídica.
Também é possível se optar pela contratação de terceiro que possa agregar valor ao negócio, seja por sua experiência, seja por seu conhecimento.
Os herdeiros do fundadores permanecem como proprietários da empresa, porém só participam da gestão aqueles aptos para tanto, sendo remunerados por sua dedicação.
Os demais herdeiros continuam a deter o direito de receber lucros e dividendos ou, ainda, de serem informados acerca dos negócios sociais sem, contudo, participar diretamente da administração.
As obrigações daqueles que participam da gestão e os direitos daqueles que não o fazem estarão descritos em documentos legais, plenamente eficazes.
Pode-se, inclusive, prever as regras para a retirada de sócio da empresa e para o ingresso de futuros membros da família.
Tais documentos não trazem consigo apenas direitos e deveres entre os envolvidos, mas também podem ser uma importante ferramenta para a harmonia entre os membros da família, na medida em que evitam a disputa pelo poder.
Crescimento em meio aos desafios.
As empresas familiares cuja gestão é profissionalizada estão mais próximas de gerir a sociedade em meio às crises e de buscar nova oportunidade de negócios, como é o caso da Droga Raia e da Lupo.
Hoje, a sobrevivência de um negócio está diretamente ligada à sua capacidade de adaptação e superação dos desafios, bem como à inovação tecnológica e modernização da marca.
A profissionalização, neste aspecto, é uma poderosa ferramenta para se alcançar esses objetivos, além de ter o potencial de aumentar o patrimônio familiar!
Conhecimento e a assessoria jurídica por profissionais especializados são ferramentas essenciais à construção de seu patrimônio e de sua família!
Os profissionais do Azevedo Neto Advogados estão à disposição de seus clientes e parceiros para maiores esclarecimentos e eventual estruturação estratégica!
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