Do Rio de Janeiro a São Paulo: a história de Samuel Barata, o criador do Grupo DPSP
- Em 03/05/2024
No dia 22.4.2024, faleceu Samuel Barata, aos 93 anos.
Samuel Barata foi um dos responsáveis em revolucionar o varejo farmacêutico brasileiro, ocupando, em 2023, a 74ª posição na lista de bilionários da revista Forbes, com um patrimônio avaliado em, aproximadamente, US$ 1,4 bilhões, considerando o Grupo DPSP e, um dos maiores portfólios imobiliários do Rio de Janeiro.
Samuel era sócio controlador do Grupo DPSP que inclui a Drogaria São Paulo e a Drogaria Pacheco, com mais de 1.443 unidades distribuídas em 8 Estados brasileiros e no Distrito Federal, mais de 26 mil funcionários, com faturamento, em 2022, de, aproximadamente, R$ 13,5 bilhões.
Sua visão empresarial revolucionou o varejo farmacêutico brasileiro, na década de 70, ao transformar o setor, e resultou na 7ª maior empresa varejista do Brasil.
O empresário deixou 4 filhos, 8 netos e 12 bisnetos.
Hoje, vamos compreender um pouco sobre a história do Grupo DPSP e entender um pouco sobre as dinâmicas familiares em uma fusão:
- Um pouco sobre o legado de Samuel Barata;
- Do Rio de Janeiro a São Paulo: o nascimento do Grupo DPSP;
- Vender ou não vender, eis a questão;
- A importância do acordo de sócios na tomada de decisões;
- A importância da arquitetura sucessória para a preservação do legado familiar.
Um pouco sobre o legado de Samuel Barata
Nos anos 70, Samuel Barata possuía uma distribuidora de produtos farmacêuticos no Rio de Janeiro. Em 1974, a rede de farmácias carioca era sua devedora e estava com sérios problemas financeiros.
Assim, aproveitando a oportunidade, Samuel Barata, vislumbrando maiores margens de lucro na venda de medicamentos direto ao consumidor, adquiriu a Drogaria Pacheco, a qual tinha poucas lojas.
Samuel Barata transformou a Drogaria Pacheco em um gigante do setor.
Criada em 1892, no Rio de Janeiro, a Drogaria Pacheco assistiu um período de intenso crescimento sob a administração de Samuel Barata, transformando-se na maior rede de farmácias do Rio de Janeiro, com unidades em Minas Gerais, Paraná, Goiás, Distrito Federal e Espírito Santo. Em 2011, seu faturamento anual era de R$1,8 bilhões.
Do Rio de Janeiro a São Paulo: o nascimento do Grupo DPSP
Em 2011, aos 80 anos, Samuel Barata expandiu seus negócios do Rio de Janeiro a São Paulo, ao adquirir a Drogaria São Paulo, criando o Grupo DPSP, o qual, em 2023, faturou R$14,8 bilhões, tendo lucro líquido de R$76 milhões.
A fusão da Drogaria Pacheco com a São Paulo consolidou a posição da rede no setor de varejo farmacêutico, ocorrendo com outra fusão relevante do setor, a união da Drogaria Raia com a Drogasil, em agosto de 2011.
Hoje, o Grupo DPSP é a segunda maior rede de farmácias do Brasil.
Na transação de fusão, a Família Barata passou a deter ações correspondendo a 51% do capital social, enquanto a família Carvalho, da Drogaria São Paulo, passou a deter 49% do capital social.
À época, foi celebrado acordo de sócios, com prazo de duração de 20 anos, segundo informações da época.
Vender ou não vender, eis a questão
Hoje, a Família possui 54% do capital social do Grupo DPSP, enquanto a Família Carvalho possui 38%, os restantes 8% são detidos por alguns acionistas minoritários.
Na fusão, Samuel Barata assumiu a presidência do Conselho de Administração, onde se manteve até quase o final de sua vida. No final de 2022, Samuel começou a se afastar do dia a dia do Grupo DPSP, sendo substituído por Ronaldo Carvalho, membro da Família Carvalho.
Ronaldo Carvalho, de 78 anos, também possui ampla experiência e êxito no mercado de varejo farmacêutico, uma vez que pode ser considerado um dos responsáveis em transformar uma pequena rede na maior rede de drogarias de São Paulo.
A Família Barata é representada no Conselho de Administração por sua filha Helena e seu neto Bruno.
Ao longo dos anos, o Grupo DPSP recebeu ofertas de grandes investidores.
Em 2014, a rede norte-americana CVS fez uma oferta e, em 2017, a Femsa (empresa que possui os direitos de marca da Coca-Cola no Brasil), mas as negociações esfriaram por discordâncias em relação ao preço de aquisição.
Segundo a mídia, Samuel Barata seria mais avesso à venda do Grupo DPSP.
A importância do acordo de sócios na tomada de decisões
Entre ofertas de investidores, substituição de membros do Conselho de Administração, gestão dos negócios, no mercado e na mídia, não se tem conhecimento de disputas entre Família Barata e Família Carvalho.
O que pode refletir desde a boa sinergia entre eles na gestão dos negócios e/ou um acordo de acionistas bem elaborado e amplamente discutido entre as partes, contribuindo para o constante crescimento dos negócios.
A importância da arquitetura sucessória para a preservação do legado familiar
O acordo de sócios e o contrato social podem prever formas de solução de conflitos, ou seja, fornecer ferramentas que permitam soluções mais ágeis, seja prevendo dispositivos em caso de:
- entendimentos divergentes em decisões nos negócios;
- desejo de retirada de um sócio, estabelecendo como se dá o cálculo do valor a ser pago e a forma de pagamento;
- sócio prejudicar a condução dos negócios, por meio de ação ou omissão, determinando mecanismo para sua exclusão; e
- dúvidas de quem pode ser administrador da sociedade, ao estabelecer os requisitos objetivos para tanto.
Estes são apenas alguns dispositivos relevantes que devem ser previstos para evitar conflitos e discussões posteriormente, para se preservar o patrimônio familiar e, principalmente, as relações familiares.
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