Conflitos em Família: ações judiciais, solução ou somente mais um obstáculo?
- Em 08/12/2022
Em novembro, publicamos o artigo “ Pobres Irmãos Ricos: quando a harmonia familiar se perde em meio à sucessão” (https://es.azevedoneto.adv.br/pobres-irmaos-ricos-quando-a-harmonia-familiar-se-perde-em-meio-a-sucessao/), no qual conversamos um pouco sobre o caso da família Zarzur e dos conflitos entre seus herdeiros após o falecimento do patriarca em 2013.
Um legado de estimado em mais de R$ 5 bilhões, composto por usinas hidrelétricas, prédios comerciais, fazendas e hotéis que resiste ao meio de conflitos e ações judiciais.
Tais problemas não se limitam às famílias com grandes fortunas, também são mais comuns do que se imagina em famílias com patrimônio de menor valor, cujos conflitos não são objeto de artigos em jornais e noticiários (https://es.azevedoneto.adv.br/guia-pratico-sobre-os-beneficios-do-planejamento-patrimonial-e-sucessorio/).
O que distingue tais problemas é que os legados das grandes famílias (ou ao menor parte dele) têm condições de sobreviver até que todos cheguem a um consenso ou que haja um fim à briga judicial. Por sua vez, os patrimônios de menor valor sofrem prejuízos financeiros maiores e mais significativos, que podem destruir o patrimônio.
Mesmo após a decisão do STF no caso da família Zarzur, os conflitos permanecem e tomam novos rumos.
Hoje, vamos conversar sobre os desdobramentos de tais conflitos no Poder Judiciário, e os prejuízos trazidos para as relações familiares e os prejuízos financeiros que podem consumir o legado deixado.
- A família Zarzur: um novo dia, uma nova ação;
- O Poder Judiciário: sentença ou “corredor da morte”?
- A arquitetura sucessória: uma luz no fim do túnel?
A família Zarzur: um novo dia, uma nova ação
Os conflitos entre os membros da Família Zarzur, mesmo após 11 anos, não conseguem chegar a um acordo acerca da partilha dos bens deixados.
Como em muitos outros casos, como o da Família Fontana, da Sadia (https://es.azevedoneto.adv.br/os-limites-da-arquitetura-sucessoria-onde-nascem-os-conflitos/) e dos Matarazzo, alguns herdeiros que não participam ativamente da administração do patrimônio familiar, alegam que aqueles que participavam da gestão dos negócios, ocultaram bens e, ilegalmente e em seu próprio benefício, transferiram bens do patriarca/matriarca.
Conforme já esclarecemos em nossos artigos, ao transferir bens e ativos a herdeiros e sucessores, segundo a legislação brasileira, o patriarca/matriarca somente dispõem de 50% do patrimônio para tanto. Quaisquer transações acima de 50% podem, por meio de ação judicial, serem consideradas nulas!
Há, ainda, a questão da gestão dos bens deixados.
Se você acompanha nossos artigos, sabe que o administrador de uma pessoa jurídica tem responsabilidade pelos atos da gestão cometidos em infração à lei ou em desacordo com o contrato social e, além disso, tem obrigação legal de apresentar as contas das sociedades aos demais sócios.
De forma similar, os responsáveis pela gestão dos bens que compõem o espólio, ou seja, aqueles que pertenciam ao patrimônio do patriarca/matriarca falecido também tem tais obrigações.
Nesse contexto, alguns dos herdeiros de Zarzur propuseram ação judicial de intervenção com o objetivo de afastar os herdeiros que hoje são os responsáveis pela gestão, alegando que os atuais gestores administram o negócio de forma temerária e desviando e ocultando bens, como parte de um conjunto de atos para sonegar bens da partilha!
Alegam, ainda, que os administradores não prestam contas acerca dos resultados e não apresentam demonstrativos financeiros, questionando a venda de ativos valiosos. Assim, buscam a reparação dos danos causados pelos herdeiros que ora administram o patrimônio, bem como a nomeação de um interventor judicial para fiscalizar a gestão social.
É indiscutível que a animosidade entre as partes é imensa. Porém, seria possível ter evitado tais conflitos, será que a propositura de ações judiciais é o melhor caminho?
Vamos entender um pouco a resposta a essas duas perguntas, que assombram todos aqueles que viveram ou vivem inventários conflituosos!
O Poder Judiciário: sentença ou “corredor da morte”?
Ao se recorrer ao Poder Judiciário para buscar os seus direitos, deve-se manter algumas coisas em mente:
- A morosidade do Poder Judiciário;
- As dificuldades de cada ação judicial e das provas
Quanto à morosidade do Poder Judiciário, é de conhecimento geral que as ações judiciais demoram a ser julgadas, e, ainda que julgadas em 1ª instância, há uma série de recursos possíveis que podem fazer com que uma decisão somente seja considerada como final após muitos e muitos anos…
Mas, o que acontece aos bens durante todo esse tempo?
Depende do caso, em inventários em cuja animosidade entre os herdeiros é muito grande, pode vir a ser nomeado inventariante judicial… quando há empresas, essas passam a ter muita dificuldade em sua gestão, de forma a prejudicar o desenvolvimento dos negócios.
Há patrimônios que não resistem à tanta demora…. e se esvaem… tudo o que se vê após anos e anos de brigas judiciais é um percentual muito pequeno do que um dia já existiu.
Em relação às provas, temos sempre de lembrar que a regra geral da legislação brasileira é que quem alega tem de provar. Logo, muitas das alegações do caso Zarzur e do caso Sadia dependem de provas cuja produção é extremamente difícil, o que causa ainda mais demora no andamento das ações judiciais.
Quando falamos em inventários, existe a opção de exigência de prestação de contas do inventariante, outra ação longa que requer perícia, para se verificar se as contas apresentadas correspondem à realidade.
Há uma infinidade de ações possíveis, todas as quais demandam tempo e dinheiro, além do desgaste emocional envolvido.
E, durante todo este tempo, o patrimônio é prejudicado. Mais do que isso, as personagens desse drama estão desgastadas e cansadas, e até frustradas.
Então nos questionamos, há como evitar tanto conflito, desgaste e frustração?
A arquitetura sucessória: uma luz no fim do túnel?
A arquitetura sucessória possui ferramentas que podem evitar conflitos que começam na elaboração de acordo de sócios e protocolos que estabeleçam regras, direitos e obrigações entre sócios e passam pela profissionalização da gestão (https://es.azevedoneto.adv.br/pobres-irmaos-ricos-quando-a-harmonia-familiar-se-perde-em-meio-a-sucessao/).
Sim, a profissionalização da gestão, para que todos os herdeiros e sucessores, confiem na capacidade daqueles que administram o negócio em fazê-lo crescer, para que a transição entre os membros da administração de uma geração para a outra ocorra de forma tranquila (https://es.azevedoneto.adv.br/profissionalizacao-da-gestao-preservando-e-aumentando-o-legado-familiar/).
São ferramentas ao seu alcance que podem garantir o futuro de seu patrimônio e a harmonia de sua família!
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